terça-feira, 29 de maio de 2012

Parabéns a todos os Geógrafos!


A História da Água Engarrafada


sexta-feira, 25 de maio de 2012

Dia 26 de maio – Aniversário de Barreiras

Devido à sua fertilidade, nossa região começou cedo a ser habitada e colonizada pelos fazendeiros, que aqui chegavam nos barcos à vela e iam se estabelecendo à margem dos rios e dos riachos. Não havia um núcleo urbano, uma cidade, mas apenas o porto no rio Grande, por volta de 1825, e o movimento de chegada das barcas, trazendo artigos que não havia aqui, como sal, café, e mercadorias industrializadas, tipo remédios, ferramentas (machado, enxada, serrote, pá…), querosene, tecidos, louças, panelas e tudo que fosse de metal, papel etc.

Os fazendeiros que aqui moravam, inclusive os de Goiás, iam ao porto comprar tudo aquilo de que necessitavam e ali vender sua produção agrícola: carne seca, cereais, farinha de mandioca, produtos da cana de açúcar,algodão, couros… De Goiás, além da produção agrícola, vinha o ouro dos garimpos. Por volta de 1850, o primeiro habitante, o barqueiro Plácido Barbosa, estabeleceu-se à beira do porto, que era situado na Fazenda Malhada, pertencente ao Coronel de Angical, José Joaquim de Almeida. Outros moradores foram chegando e fazendo ali também suas pequenas casas, em função do movimento das barcas, num progresso lento, até atingir umas vinte casinhas.

O mundo se desenvolvia, com a industrialização e o início da fabricação de carros, para o que se necessitava de borracha. Quem tinha borracha em abundância era o Brasil: a de seringueira, na Amazônia, a de mangabeira, aqui no atual Oeste baiano. Então, em busca de enriquecer produzindo borracha, a partir de 1870, um vigoroso ciclo imigratório dirigiu-se a Barreiras, vindo de outros lugares da Bahia e do Nordeste, principalmente do Ceará. Os novos habitantes faziam suas casas próximas ao porto, onde deixavam suas famílias, e internavam-se no cerrado, a fim de efetuar os cortes nos troncos das mangabeiras, recolher o leite, coagulá-lo por fervura, e levar a borracha, em tropas de burros, até ao porto, onde seria comprada e conduzida nas barcas para Juazeiro e daí a Salvador. No porto de Salvador, a borracha embarcava em navios para o mundo, atendendo às necessidades da globalização.

Como produto para o comércio globalizado, o valor da borracha era maior do que o de qualquer outro artigo, como carne, açúcar, só era comparável ao valor do ouro. Assim, o povoado de São João, iniciado nesse ciclo, em 1870, já nasceu rico, atraindo sempre mais moradores, como comerciantes, médico, dentistas, farmacêuticos, professores, músicos, poetas, escritores… Pela beleza das casas contruídas em estilo renascentista ou neo-clássico, podemos imaginar a prosperidade desenvolvida em vinte anos! Assim, em 1891, o povoado, que já era chamado Barreiras, empenhou-se em obter sua independência, sua emancipação! No dia 20 de fevereiro de 1891 foi elevado a distrito de Angical, através de lei municipal aprovada e sancionada naquele muncipío.

Logo em seguida, em 06 de abril de 1891, em Salvador, o Governador José Gonçalves da Silva sancionou a lei que criou o município, em território a ser emancipado de Angical, dando à sede o título de vila, como era naquela época. Um mês e vinte dias depois, a 26 de maio de 1891, o município foi instalado solenemente, com a posse do primeiro Prefeito (chamado, então, Intendente), que foi o Coronal Martiniano Ferreira Caparrosa; a posse também, da Câmara Municiapal, na época denominada Conselho Municipal, que teve como Presidente o Coronel José Braz de Souza. Estabeleciam-se, desse modo, os Poderes Executivo e Legislativo.

O Poder Judiciário foi instituído logo depois, no dia 09 de julho de 1891, com a Lei sancionada pelo mesmo governador José Gonçalves da Silva, estabelecendo em Barreiras o Fórum e Conselho de Jurados, ficando pertencente à Comarca de Campo Largo. O primeiro Juiz a ministrar, aqui, a Justiça, não residia em Barreiras, mas vinha periodicamente: era o Dr. José Batista Xavier Ribeiro.

Após adquirir sua independência, Barreiras teve condição de se desenvolver ainda mais e percorrer o longo caminho de 121 anos.

 Fonte: Ignez Pitta em historiadebarreiras.com

domingo, 20 de maio de 2012

Rio Grande

"Da janela do transporte
Que me leva nessa viagem
Vejo suas águas
Descendo caudalosamente a paisagem
Rio Grande
Da janela do transporte desta viagem
Vejo calmamente suas águas
Descendo silenciosamente
Águas do Rio Grande
Guardando no leito
Riquezas, vidas, sementes
Da janela do transporte desta viagem
Fico olhando admirada
Essas águas que estão sendo ameaçadas
Pela insensatez do homem
Da janela do transporte desta viagem
Fico admirada, quanta bobagem
De quem destrói a paisagem
Matas ciliares
Que ajudam e protegem
As águas desse rio
Rio Grande
De tantas riquezas
De águas caudalosas
Que descem silenciosas
O leito desse rio
Grande rio
Rio Grande."

Aldair Rocha
Poesia extraída do livro Simplesmente Poesia
São Desidério- Ba

terça-feira, 15 de maio de 2012

Presidência da República

Casa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI Nº 12.633, DE 14 DE MAIO DE 2012.

Institui o Dia Nacional da Educação Ambiental.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o Fica instituído o Dia Nacional da Educação Ambiental, a ser comemorado, anualmente, no dia 3 de junho, em todo o território nacional.

Art. 2o

Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 14 de maio de 2012; 191o da Independência e 124o da República.

DILMA ROUSSEFF

Aloizio Mercadante

Izabella Mônica Vieira Teixeira

Este texto não substitui o publicado

no DOU de 15.5.2012

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Pequi de Ouro

No dia 23 de maio de 2012 será entregue o “Pequi de Ouro” em homenagem a pessoas e grupos que lutam pela defesa do bioma Cerrado na bacia do Rio Grande. A noite festiva acontecerá no bar “Nego d´Água” em Barreirinhas – Barreiras, a partir das 20:00 horas, e será animada pela dupla “Marcelo & Gerri”. 

A lei brasileira permite o desmate de oito em cada dez hectares das propriedades rurais no Cerrado. Entre 2002 e 2008 foram desmatados anualmente mais de 14 mil quilômetros do bioma, segundo estatísticas do Ministério do Meio Ambiente (MMA). Depois da Mata Atlântica, o Cerrado é o bioma mais agredido com a ocupação humana. Com a crescente pressão para a abertura de novas áreas, especialmente para suprir a demanda por carne e grãos para exportação, tem havido um progressivo esgotamento dos recursos naturais. 

As paisagens do cerrado natural do oeste baiano vêm sendo destruídas numa velocidade assustadora. Além da exploração agropecuária, avançam os projetos de mineração e centrais hidroelétricas. As águas diminuem; a biodiversidade acaba; as comunidades tradicionais com sua cultura e sabedoria geraizeira somem. 

A Agência 10envolvimento, criada em 2004 por iniciativa da Diocese de Barreiras, promoverá uma homenagem a cinco pessoas / organizações que defendem, de um modo exemplar, a convivência sustentável com o bioma cerrado na região da Bacia do Rio Grande. Sendo o fruto do “pequi” um dos mais populares símbolos do cerrado natural, nada mais justo do que entregar um “Pequi de Ouro” como sinal de reconhecimento das lutas e paixões pelo Cerrado regional. 

A noite do “Pequi de Ouro” contará com a participação da “Rede Cerrado”, a qual realizará uma assembléia geral nos dias 23 a 25 de maio em Barreiras. A “Rede Cerrado” congrega instituições da sociedade civil que atuam na promoção do desenvolvimento sustentável e na conservação do Cerrado. São mais de 300 entidades identificadas com a causa socioambiental no Cerrado, que representando trabalhadores/as rurais, extrativistas, indígenas, quilombolas, geraizeiros, quebradeiras de coco, pescadores, ongs, entre outros. 

Maiores informações:
Martin Mayr, Wesley Santos – Agência 10envolvimento – (77) 3613 6620

Livro ‘Água e mudanças climáticas: tecnologias sociais e ação comunitária’ disponível para download


Água e Mudanças Climáticas
Fundação BB e Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva (Cedefes) lançam publicação que debate o acesso à água, as tecnologias sociais e as políticas públicas para manutenção dos recursos ambientais
O livro é um panorama das ações da Fundação BB em prol da conservação dos recursos hídricos e mostra de que maneira a instituição reaplica tecnologias sociais (TS) que contribuem para o desenvolvimento sustentável das comunidades brasileiras. Segundo o presidente da Fundação, Jorge Streit, a obra irá contribuir para a elaboração de políticas públicas que busquem consolidar as tecnologias sociais como ferramentas para a redução da poluição e, por isso, é voltada para prefeitos, secretários e gestores públicos, líderes de comunidades produtivas, cooperativas, associações, consultores sociais e a todos aqueles que identifiquem formas de inclusão social baseadas na sustentabilidade ambiental.
Escrito pelo consultor internacional para mudanças climáticas, energia e negociações multilaterais, Milton Nogueira da Silva, a publicação sugere caminhos de como adotar as TS para promover a melhoria nas comunidades e, para o autor, “irá possibilitar que os agentes públicos promovam estratégias de geração de trabalho e renda e desenvolvimento econômico local sem impactos e destruições ao meio ambiente”, declara Milton.
O Programa Água Brasil,resultado da parceria entre Banco do Brasil, Fundação Banco do Brasil, WWF Brasil e Agência Nacional das Águas (ANA), é um dos destaques do livro. O Programa visa à recuperação de 14 micro bacias hidrográficas e realiza, ainda, diversas ações de mobilização social em cinco cidades: Rio Branco/AC, Pirenópolis/GO, Natal/RN, Belo Horizonte/MG e Caixas do Sul/RS, com foco na coleta seletiva e na reciclagem de resíduos sólidos.
Fundação Banco do Brasil – A instituição integra o Conselho Mundial da Àgua e investe em tecnologias sociais que promovem o protagonismo social e conservação dos recursos hídricos. Destaque para a TS Barraginhas, que retém águas das chuvas para utilização na agricultura familiar – cerca de 10 mil unidades já foram reaplicadas pela Fundação em todo o país. A Fundação BB também mantém o Projeto São Bartolomeu Vivo, inaugurado em 2010 em parceria com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) com o objetivo de recuperar áreas degradadas às margens da Bacia do Rio São Bartolomeu – que abrange o Distrito Federal e o Estado de Goiás. E participa, ainda, do Programa Água para Todos, do Governo Federal, e investirá na instalação de 60 mil Cisternas de Placas no semiárido brasileiro, possibilitando acesso à água potável para centenas de famílias.
Ficha Técnica:
Editoria: Fundação Banco do Brasil e Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva (Cedefes)
Autor: Milton Nogueira da Silva
Publicação: Belo Horizonte 2012, 120 páginas
Capítulos: 1. Climatologia. Fundação Banco do Brasil. 2. Água. 3. Desenvolvimento sustentável 4. Mudança climática. 5.Política pública. 6. Tecnologia social. 7. Impacto ambiental

Fonte: EcoDebate

Urbanização descontrolada é maior responsável por tragédias no País, revela estudo


O Brasil dos desastres naturais – São bem terrenas as causas dos desastres naturais que se multiplicam no Brasil, revelam novas pesquisas. Após um 2011 de devastação na Serra na Fluminense, enchentes avassaladoras no Sul e no Sudeste e um início de 2012 com a pior seca em três décadas no Nordeste, não resta lugar para o mito de que este é um país imune aos desastres naturais. Na verdade, somos muito vulneráveis. Mas as mudanças climáticas que alteram padrões temperatura e chuva pelo planeta afora, não são as maiores culpadas pelo aumento de tragédias naturais no Brasil. A principal causa de perdas de vidas e bens é humana; é a urbanização galopante e mal planejada, como mostram dados apresentados ontem (8) na Reunião Magna da Academia Brasileira de Ciências (ABC), cujo tema é Ciência para o Desenvolvimento Sustentável, num evento preparatório para a Rio+20.
Os dados fazem parte de estudo da resseguradora Swiss Re, que analisa o número e o impacto de desastres naturais em todo o mundo. Na conta dos desastres, os céus entram com a chuva que alimenta as enchentes relâmpagos, mas o que pesa e torna as pessoas realmente vulneráveis são as construções em áreas de risco evidente, como estradas, ferrovias, estádios e outras obras de vulto levadas a cabo sem considerar cursos de rios, áreas de baixada – por definição, alagadiças – e pontos sujeitos a desmoronamentos.
Alagamentos e enchentes – A representante da Swiss Re no evento da ABC, Claudia Garcia de Melo, destacou que, no Brasil, alagamentos e enchentes representam a maior parte dos 34 grandes desastres naturais registrados em dez anos. Esses desastres provocaram US$ 2,8 bilhões em perdas.
“O grande problema é que o Brasil ainda não tem uma cultura de prevenção. As pessoas acham que uma tragédia dessas nunca acontecerá com elas, se consideram imunes. Então, quando a chuva vem e leva tudo, ficam desorientadas. Mas não é o caso de culpar os céus, mas, sim, a falta de planejamento”, afirmou Claudia, que fez a apresentação durante a sessão Desastres Naturais.
De acordo com o relatório, de 2004 a 2010, o Brasil investiu US$ 280 milhões em prevenção, ou seja, em obras e em tecnologia de previsão e remoção de áreas de risco, por exemplo. No mesmo período, o governo brasileiro gastou US$ 2,6 bilhões em ajuda emergencial a cidades afetadas por cheias e desmoronamentos. “Hoje só agimos depois das tragédias. Seria bem mais barato evitá-las. O gerenciamento do risco é o caminho mais econômico e eficiente. Ações emergenciais não resolvem o problema, mantém a vulnerabilidade”, explica a analista.
Hoje, 30 milhões de pessoas vivem expostas a algum tipo de risco de desastres naturais no País, a maioria no Sudeste. Em 2030 serão 42 milhões de brasileiros nessa situação. O problema maior está nas cidades, onde vive a maioria da população e existe a maior parte das situações de perigo. Só as cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo sofreram 20% das perdas nacionais com enchentes. Quase todas, evitáveis.
“Urbanização e crescimento econômico que leva à construção de mais rodovias, hidrovias, ferrovias, estádios etc. estão associados à vulnerabilidade. A questão não é crescer, mas crescer de forma sustentável. Principalmente, nas cidades”, diz Claudia. “É preciso ter códigos de construção adequados, dragagens de rios, contenção de encostas.”
A análise apresentada mostrou que as mudanças climáticas representam uma ameaça maior à população dos estados do Sul e do Nordeste, devido ao aumento dos episódios de chuva intensa. O Nordeste nos últimos anos tem vivido uma situação paradoxal. Enchentes devastadoras na Zona da Mata e seca intensa na Caatinga. “No Sudeste, as mudanças climáticas não têm tanto peso. Aqui é a urbanização sem planejamento que deixa a população vulnerável.”
A associação das mudanças climáticas com a urbanização pode ter efeitos graves inclusive em áreas com baixo índice de urbanização, como a Amazônia. Os modelos de previsão climática conseguem prever com precisão as cheias dos grandes rios. Mas isso não será suficiente se padrões climáticos extremos continuarem a ser registrados na Amazônia, alerta o climatologista Carlos Nobre, secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Nos últimos cinco anos, a Amazônia passou por três eventos extremos: uma enchente (2009) e duas grandes estiagens (2005 e 2010).
“A Amazônia deve estar em alerta. Se este padrão de extremos continuar, os igarapés não poderão continuar a ser ocupados e teremos que mudar o planejamento da região”, afirma Nobre.

Fonte: O Globo

Especialista defende criação de fundo internacional para proteção do Cerrado


A criação de um fundo internacional de proteção ao cerrado foi defendida ontem em audiência pública na Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas.
Embora seja o segundo maior bioma da América do Sul, ocupe 22% do Brasil, concentre as nascentes de suas três maiores bacias hidrográficas e abrigue enorme biodiversidade, o Cerrado encontra-se ameaçado, alertou o diretor do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília (UnB), Saulo Rodrigues Filho.
Ele disse que, com a Amazônia no centro dos debates e dispondo de um fundo internacional, é preciso voltar as atenções para o Cerrado.
Com o crescimento da produção agrícola no Centro-Oeste, já se pode notar que o bioma requer atenção especial, destacou Rodrigues Filho, para quem instrumentos de proteção, como o pagamento por serviços ambientais, teriam a oportunidade de corrigir as distorções de mercado.
— O pagamento por serviços ambientais tem potência enorme de promover não só a mitigação dos gases do efeito estufa, mas também a redução do desmatamento e da vulnerabilidade de populações socialmente desfavorecidas, sem tirar delas a possibilidade de produzir, gerar renda, riqueza e bem estar — afirmou.
Para Roberto Brandão Cavalcanti, secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, é importante que o governo disponibilize recursos a serem transferidos aos beneficiários.
Fonte: Jornal do Cerrado

terça-feira, 8 de maio de 2012

A seca no Nordeste, a insustentabilidade e as eleições municipais

A seca no nordeste brasileiro está entre as questões mais discutidas e noticiadas no Brasil desde os tempos do Império. Dom Pedro II determinou a construção de açudes durante a seca que durou de 1877 a 1879. Desde então, milhares de açudes foram construídos, o que torna, entre outras razões, o nordeste brasileiro o maior detentor de volume de água represado em regiões semi-áridas.

Mesmo assim, a população de áreas mais pobres do nordeste vem sofrendo com a seca que atinge a região. Segundo números do Ministério da Integração Nacional, 525 municípios do Nordeste estão em situação de emergência, e outros 221 sofrem efeitos da estiagem e aguardam avaliação da Secretaria Nacional de Defesa Civil.

Na Bahia, 232 municípios decretaram situação de emergência, estima-se que a estiagem atinja cerca de 2,6 milhões de baianos. Segundo a defesa civil, esta é a pior seca dos últimos 47 anos no estado.

A insustentabilidade

Existem atualmente cerce de 70 mil represas no nordeste brasileiro, estocando aproximadamente 37 bilhões de metros cúbicos de água. Se existe tanta água, por que a seca atinge tão fortemente a população? O problema é a má distribuição, a água não chega à população mais distante, e principalmente as mais pobres.

Obrigando milhares de nordestinos a andar centenas de quilômetros, ou como eles mesmo dizem, centenas de léguas para buscar água para beber. Em algumas localidades, a água é trazida por carros pipas, que não é distribuída igualmente entre a população, que briga para conseguir um balde de água. A luta para matar a sede gera imagens que ilustram os noticiários televisivos há décadas.

Um dos “efeitos” mais noticiados nacionalmente da atual seca é a redução drástica no volume de água da Barragem do Rio Mirorós, localizada na cidade de Ibipeba – Bahia. A barragem tem capacidade para acumular 170 milhões de metros cúbicos de água, tendo atualmente menos de 8% desta capacidade.

As 14 cidades atendidas pela barragem, inclusive a minha – Ibititá, já sofrem com o racionamento desde meados de novembro do ano passado. O fornecimento para irrigação já foi cortado. Segundo informações da Embasa, se o volume da barragem descer mais três metros o abastecimento da região entra em colapso.

A seca é apenas um dos fatores que geraram essa crise. Danos ambientais e a total desproteção do rio e de sua nascente, além do descontrole no uso da água na irrigação são outras partes dessa equação desastrosa.

As eleições municipais

Muitos acreditam que o coronelismo e a indústria da seca já foram extintos do nordeste, mas eles apenas ganharam uma nova roupagem. Segundo a Polícia Federal e a Controladoria Geral da União, foi desviado somente ano passado R$ 312 milhões em verbas do Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs), órgão ligado ao Ministério da Integração Nacional.

A presidente Dilma Rousseff determinou em abril a liberação de mais de R$ 2,7 bilhões para adoção de medidas emergenciais e de infraestrutura de combate à seca. Entre as ações devem estar incluídas a doação de cestas básicas, o que me faz lembrar como essa distribuição era feita há algum tempo, quando os representantes dos coronéis retiravam os alimentos de melhor qualidade, ou de maior valor comercial para vender em seus mercados, e repassava apenas o que sobrava à população que passava fome. O Anúncio dessa liberação foi dado ao mesmo tempo em que um estudo revelou um rombo de R$ 312 milhões em verbas do combate à seca .

Lembrando que este ano teremos eleições municipais, o que me leva a perguntar quanto desses R$ 2,7 bilhões serão desviados para financiar campanhas e compras de votos? Quantas pessoas terão seu sofrimento amplificado, para financiar a boa vida de políticos e de seus correligionários?

A indústria da seca e o coronelismo ainda resistem à custa de tantas vidas severinas que labutam por um pouco d’água. Sob novos nomes e novos programas, o que vemos no nordeste é a continuação de um processo histórico, é a perpetuação do sofrimento e da miséria a favor do lucro.

Fonte: E esse tal Meio Ambiente?

segunda-feira, 7 de maio de 2012

I CONGRESSO INTERNACIONAL DE DIREITO DOS POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS

SALVADOR, BAHIA, BRASIL, 10 a 12 maio de 2012

Os povos e comunidades tradicionais têm construído ao longo de gerações sistemas sustentáveis de exploração dos bens ambientais, adaptados às condições ecológicas e baseada em saberes que respeitam a diversidade biológica, explicitam harmonia com a natureza e efetivam culturas de subsistência.

Por sua vez, existem demandas por direitos das comunidades tradicionais ainda não plenamente realizadas, quer por déficits históricos, pela falta de interesses das elites e falta de preparo estatal para atendimento dos pleitos, pela ausência de formação jurídica específica de profissionais egressos dos cursos jurídicos, pelo tempo despendido nos processos de reconhecimento e titulação de terras, por dificuldades de mediação dos conflitos existentes, inclusive pela inserção de temas atuais, como o racismo institucional, ambiental e a intolerância religiosa.

Em verdade existe a necessidade de construir a perspectiva de um sistema democrático que incorpore a noção de diversidade de classe e de raça. Neste sentido, apresenta-se a proposta do CONGRESSO INTERNACIONAL DOS DIREITOS DOS POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS visando:

a) apresentar mapeamentos dos conflitos jurídicos coletivos que envolvem as comunidades tradicionais;

b) possibilitar a participação dos povos e comunidades tradicionais e das suas entidades representativas na discussão de implementação de direitos;

c) possibilitar o diálogo entre povos e comunidades tradicionais e representantes do Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública, Governos e meio acadêmico;

d) discutir os Direitos dos Povos e Comunidades Tradicionais na atual conjuntura e propor aprimoramento do marco legal;

e) apresentar experiências internacionais e nacionais sobre os Direitos dos Povos e Comunidades.

Para contato acessem: http://cidpct2012.blogspot.com.br/

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Excesso de agrotóxicos nas lavouras do país preocupa especialistas

O uso excessivo de agrotóxicos nas lavouras brasileiras preocupa cada vez mais especialistas da área de saúde. A aplicação de substâncias químicas para controlar pragas nas plantações e aumentar a produtividade da terra acaba se tornando um problema para os trabalhadores rurais e consumidores.

Para alertar a população e chamar a atenção das autoridades sobre o impacto dos agrotóxicos na saúde dos brasileiros, o Grupo de Trabalho de Saúde e Ambiente, da Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco), em parceria com outras instituições, lançou nesta sexta-feira (27), durante o Congresso Mundial de Nutrição, no Rio de Janeiro, um dossiê reunindo diversos estudos sobre o tema. O documento também será apresentado durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), que será realizada em junho no Rio.

De acordo com o professor Fernando Ferreira Carneiro, chefe do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade de Brasília (UnB) e um dos responsáveis pelo dossiê, as pesquisas indicam que o uso dos agrotóxicos ocorre no país de forma descontrolada.
“O Brasil reforça o papel de maior consumidor mundial de agrotóxicos e nós, que fazemos pesquisas relacionadas ao tema, vemos que o movimento político é para liberalizar o uso. A ideia desse dossiê é alertar a sociedade sobre os impactos do consumo massivo, sistematizando o que já existe de conhecimento científico acumulado”, disse.

Um dos estudos que fazem parte do dossiê foi desenvolvido pelo médico e doutor em toxicologia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Vanderlei Pignatti. Ele conduziu análises ambientais e examinou a urina e o sangue de professores e moradores das áreas rurais e urbanas das cidades de Lucas do Rio Verde e Campo Verde, em Mato Grosso. Os municípios estão entre os principais produtores de grãos do estado.

“Observamos resíduos de vários tipos de agrotóxicos na água consumida pelos alunos e pelos professores, na chuva, no ar e até em animais. Além disso, essas substâncias foram encontradas no sangue e na urina dessas pessoas. A poluição ambiental é elevada e as pessoas ficam ainda mais suscetíveis à contaminação porque não são respeitados os limites legais para pulverização dos agrotóxicos, que são de 500 metros no caso de pulverização aérea e de 300 metros para a pulverização terrestre”, explicou.

Outro estudo do professor Pignatti já havia encontrado resíduos de agrotóxicos no leite materno de moradoras de Lucas do Rio Verde. Foram coletadas amostras de leite de 62 mulheres, três da zona rural, entre fevereiro e junho de 2010, e a presença dos resíduos foi detectada em todas elas.

Vanderlei Pignatti lembrou que diversas pesquisas também indicam aumento na incidência de doenças como má-formação genética, câncer e problemas respiratórios, especialmente em crianças com menos de cinco anos de idade.

Fonte: Agência Brasil - EcoAgência