A Delegacia do Meio Ambiente de Goiás vai intimar proprietários de terra para conter o aumento das voçorocas, crateras provocadas por desmatamento e por más práticas agrícolas que atingem o lençol freático e "engolem" o que está ao redor.
Só no sudoeste do Estado, a polícia encontrou 50 novas voçorocas no ano passado, durante monitoramento feito via satélite e em sobrevoos na região. A maioria está em áreas particulares, no meio de pastagens ou em produções de soja, cana e milho.
Se os donos das terras não adotarem medidas como permitir a regeneração natural da área, serão indiciados sob suspeita de crime ambiental.
O delegado Luziano de Carvalho diz que eles não podem ser responsabilizados por provocar as voçorocas, mas responderão por impedir ou dificultar a regeneração do solo. A pena é de multa e até um ano de prisão.
A ideia é frear o crescimento das crateras que existem, já que não é possível recuperar as áreas erodidas.
TAMANHO NÃO É DOCUMENTO
A área dos buracos varia. A maior voçoroca conhecida --a Urtiga ou Urtigão-- tem 80 m de profundidade e 800 m de largura em alguns pontos, segundo o delegado.
A cratera fica no município de Mineiros e tem três quilômetros de extensão.
Uma das mais conhecidas é a Chitolina, no mesmo município, com 20 m de profundidade e 800 m de comprimento.
Originada nos anos 1980 e hoje sob controle, a cratera surgiu após chuvas intensas, segundo a pesquisadora Heloísa Filizola, da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Meio Ambiente.
O buraco surgiu com 120 m de comprimento, tamanho que dobrou no ano seguinte.
As voçorocas são mais comuns em locais de solo arenoso e surgem quando chove muito e a água não consegue se infiltrar no solo.
Enquanto não atingem os lençóis freáticos, são chamadas de ravinas.
São formados então fios de água que escoam de forma concentrada e transportam o solo junto com eles.
É possível encontrá-las também em São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e na região Sul.
Mas para Filizola, Goiás deve ser hoje o Estado com mais voçorocas ativas (que podem aumentar) do país.
Segundo a Semarh (Secretaria do Meio Ambiente de Goiás), as chapadas também facilitam sua formação.
O Parque Nacional das Emas, na divisa com MT e MS, já sente os impactos de três incômodas vizinhas.
O trio de voçorocas leva solo e areia ao leito do rio Jacuba. Isso altera a qualidade da água e atinge animais que vivem ali, diz o diretor da unidade, Marcos da Silva Cunha.
A responsabilidade por multar os proprietários que permitem o avanço de voçorocas é do Ibama e da Semarh, que não souberam informar se fizeram esse tipo de autuação nos últimos anos.
Fonte: Folha.com
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