terça-feira, 27 de novembro de 2012

Desmatamento na Amazônia Legal aumenta 377% em outubro

Desmatamento de agosto de 2011 a outubro de 2012 na Amazônia Legal (Fonte: Imazon/SAD)

Em outubro, o desmatamento na Amazônia Legal aumentou 377% sobre o mesmo mês em 2011, segundo o relatório divulgado hoje (14) pelo Imazon. Esse ano, o total do corte raso foi de 487 quilômetros quadrados contra 163,3 em outubro de 2011.

A mesma tendência aparece quando comparamos 3 meses, de agosto a outubro. Em 2012, o total desmatado a corte raso foi de 1.151,6 quilômetros quadrados contra 511 no mesmo período em 2011. Embora menos chocante que o número de outubro, isso significa um aumento de 125%.

O Pará manteve a liderança como o estado que mais desmatou. Pouco mais de um terço (36%) do desmate em outubro aconteceu no estado. Mato Grosso vem em seguida com 30%, seguido do estado do Amazonas (17%) e Rondônia (12%).


 Cobertura de núvens em 2011 e 2012



O relatório do SAD (Sistema de Alerta de Desmatamento) do Imazon diz que esse ano a pequena cobertura de nuvens melhorou a visibilidade. Em outubro de 2012, ela foi de 83%, enquanto em outubro de 2011 não passou de 51%. Quanto maior o número, melhor a visibilidade. A razão da melhora esse ano foi a seca mais intensa.

Essa diferença pode significar que o número de outubro/11 foi distorcido para baixo. Consultado, o Imazon disse que não acredita nessa hipótese, mas que ainda pode retificar os resultados.

 Quem desmatou
Categoria Outubro de 2012
km2 %
Assentamento de Reforma Agrária 111 23
Unidades de Conservação 58 12
Terras Indígenas 17 3
Privadas, Posse & Devolutas 301 62
Total (km²) 487 100


O relatório também classifica os locais de desmatamento de acordo com o tipo de propriedade.  A maior parte do corte raso (62%) foi verificada em áreas privadas e 23% ocorreu em assentamentos de reforma agrária. Recentemente, o Ministério Público Federal entrou com ação na Justiça em 6 estados da Amazônia Legal exigindo que o Incra cumpra o licenciamento ambiental dos 2.163 projetos de assentamento na região..

Quase todo restante do desmatamento, 12%, ocorreu em Unidades de Conservação. Em outubro, elas perderam 58 km² de floresta.

O SAD é um sistema independente de monitoramento do Imazon. Os alertas mensais de desmatamentos usados pelo governo são dados pelo Sistema Deter. Os números do Deter para o mês de Outubro ainda não foram publicados.

Fonte: oeco

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Antes mesmo de começar, conferência do clima realizada no Catar gera polêmica.

Quando o Catar foi escolhido para sediar as negociações das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, ambientalistas ficaram de cabelos em pé. As negociações já estavam problemáticas, com poucos resultados na última conferência realizada na África do Sul em 2011. No entanto, agora as discussões de alto nível vão acontecer em um dos membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), que mostrou pouco interesse nas mudanças climáticas e ainda por cima destacou um ex-ministro do petróleo para liderar as negociações que começam nesta segunda (26).

“Organizações não governamentais estão com uma mistura de sentimentos sobre isso”, disse Wael Hmaidan, ativista libanês e diretor da Climate Action Ntwork. “Alguns estão muito preocupados e acham isso um sinal de que o Catar não está comprometido com as negociações climáticas. Outras pessoas acreditam que é uma oportunidade de ter um debate mais elevado sobre clima na agenda política da região”, disse.

Ativistas também reclamam que o Catar tem demonstrado pouca liderança e sendo pouco transparente que os países sede das conferencias anteriores. Uma das organizações não governamentais que está fazendo mais barulho é a Avaaz, que afirma: “Ter um dos lideres da OPEP encarregados nas discussões climáticas é como pedir ao Drácula para tomar conta do banco de sangue”. Eles também estão criticando a liderança do Catar por também aceitarem uma grande conferência sobre petróleo no mesmo ano que sediam a conferência do clima.

Publicamente, delegados têm evitado fazer críticas. Os dirigentes das Nações Unidas na Conferência do Clima afiram que as preparações estão encaminhadas. “Eu não estou preocupada”, disse Christiana Figueres, secretária executiva da Convenção das Nações Unidas para Mudança Climática. “Estamos muito agradecidos por Catar não só ter se oferecido, como literalmente ter brigado pela oportunidade e privilégio de sediar a conferência”, disse.

Sediar a conferência é parte da campanha do país de se projetar como uma potência, após ganhar a disputa para abrigar a Copa do Mundo de 2022 e coibir revoltas na Síria e na Líbia.
A conferência também pode dar à família real do país a oportunidade de mudar a percepção mundial sobre a região, que no passado estava preocupada apenas com a proteção de suas vastas reservas de petróleo.

Aparentemente, o Catar e seus vizinhos do Golfo Pérsico acreditam que este quadro é antiquado. Os Emirados Árabes Unidos apoiou a extensão do Protocolo de Kyoto, que põe metas para redução das emissões de gases causadores do efeito estufa em países industrializados. Eles também foram os primeiros entre os países do Golfo a assinar o acordo de Copenhague em 2009.

Até mesmo a Arábia Saudita, que no passado liderou a oposição sobre as negociações sobre mudança climática para proteger sua produção petrolífera, passou a agitar a equipe de negociadores.
“Eu descrevo o Catar com o epicentro das mudanças climáticas. Não há água, nem comida. É um deserto estéril”, disse Fahad Bin Mohammed al-Attiya, diretor do comitê que organiza a COP18 em Doha. “Qualquer problema na estação da colheita ou produtividade fora do Golfo vai impactar diretamente no nosso acesso a a comida e com poços globais razoáveis”, disse.

Tanto o Catar como os Emirados Árabes Unidos estão trabalhando para a construção de prédios verdes. Catar afirma que vai ter 20% de sua matriz energética em energias renováveis até 2024, enquanto a Arábia Saudita, Kuwait e Emirados Árabes Unidos anunciaram planos de altos investimentos em energia solar.

“Nos não queremos continuar sendo vistos como exportadores de barris de petróleo ou de gás em dutos”, disse o sultão Ahmed al-Jaber, executivo chefe do escritório de Masdar e enviado especial de energia e mudanças climáticas dos Emirados Árabes Unidos.

No entanto, ativistas querem ver mais do que conversas na conferência do clima. A ex-presidente da Irlanda, Mary Robinson , disse que eles deveriam assumir metas voluntárias de corte de emissões, como fez o México, que sediou a conferência em 2010. As emissões totais dos países do golfo são uma fração das emissões da China e dos Estados Unidos, mas estipular uma meta acabaria por inspirar outros países a tomar a mesma atitude.

Ativistas também afirmam que os países do Golfo deveriam fazer mais para cortar subsídios de combustíveis, que fazem com a gasolina em muitos países seja mais barata que água engarrafada.

Fonte: Portal iG

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Atos em defesa do povo Guarani-Kaiowá acontecem hoje em mais de 50 cidades no Brasil e no mundo

“Saiam às ruas, pintem os rotos, ocupem as praças, ecoem o grito do nosso povo que luta pela vida, pelos territórios!”

Esta é uma carta das lideranças do Aty Guasu (Grande Assembleia) direcionada especialmente às diversas “mobilizações contra o genocídio do nosso povo Guarani e Kaiowá” previsto para o dia 09 de novembro em várias cidades do país e do mundo.Queremos agradecer por todas estas iniciativas de solidariedade em defesa das nossas terras e nossas vidas.

Hoje somos 46 mil pessoas sobreviventes de um continuo e violento processo de extermínio físico e cultural acarretado principalmente pela invasão histórica de nossos territórios tradicionais (tekoha guasu) e por assassinatos de nossas lideranças e famílias. Por isso reafirmamos que o Estado Brasileiro é o principal responsável por este estado de genocídio, ora por participação, ora por omissão.

Nossa Aty Guasu é responsável nos últimos 35 anos pela organização política regional e internacional do nosso povo e por nossa luta na defesa e efetivação de nossos direitos fundamentais e constitucionais, de modo prioritário a retomada dos territórios tradicionais. Por esse motivo, nosso povo possui a maior quantidade de comunidades atacadas por pistoleiros e de lideranças assassinadas na luta pela terra do Brasil República.

Por isso, através desta carta queremos unir nossas vozes a de todos vocês e promover o mesmo grito pela vida de nosso povo com as seguintes prioridades:

- A imediata demarcação de nossos territórios tradicionais e a desintrusão dos territórios já declarados e homologados.
- Que a Funai publique, ainda este ano, os relatórios de identificação dos territórios em estudo.
- Que diante do processo legítimo de retomada de nossos territórios, nosso povo não seja despejados, uma vez que roubaram nossas terras por primeiro e nos confinaram em pequenas reservas.
- Que o Conselho Nacional de Justiça – CNJ crie mecanismos para que as ações judiciais envolvendo nossos territórios sejam julgados com prioridade máxima, de modo, a não se arrastarem por anos nas instância do judiciário, enquanto nosso povo passa fome à beira das estradas em Mato Grosso do Sul.
- Que haja uma efetiva ação de segurança de nossas comunidades e lideranças em área de conflito e ameaçadas.
- Que os fazendeiros e pistoleiros assassinos de nosso povo sejam julgados e condenados.
- A imediata revogação da inconstitucional portaria 303 da Advocacia Geral da União e o fim das iniciativas do Congresso Nacional em destruir nossos direitos garantidos na Constituição Federal de modo unânime as PECs 215, 38, 71, 415, 257, 579 e 133. Não aceitaremos mudança constitucional!

Por fim, que todas as manifestações não se encerrem em 9 de novembro, mas que esta data seja o início de um contínuo engajamento da sociedade não-indígena na defesa da vida de nosso povo e de pressão sobre o governo.

Junto com todos vocês, nosso Povo é mais forte e venceremos o poder desumano do agronegócio explorador e destruidor de nossas terras. A ganancia deste sistema não vencerá a partilha de nossos povos.

Vamos continuar a retomada de todas as nossas terras tradicionais! Somos todos Guarani e Kaiowá! Muito obrigado pela SUA VOZ SAGRADA PROTETORA: “TODOS POR GUARANI E KAIOWÁ!”

Dourados, 7 de novembro de 2012 –
Conselho do Aty Guasu Guarani e Kaiowá.

Fonte: CarbonoBrasil.