No mundo de hoje existe relação intrínseca entre a agricultura e a saúde dos consumidores. Os métodos de cultivo afetam a qualidade do solo e este o equilíbrio da planta e finalmente a planta interfere na qualidade de vida do homem e do animal que dela se alimentam.
Os alimentos convencionais consumidos “in natura” apresentam freqüentemente contaminação por agrotóxicos e adubos químicos de síntese, os de origem animal são produzidos com uso intensivo de hormônios, vacinas e antibióticos além dos biocidas. Por seu lado os alimentos industrializados sofrem métodos de beneficiamento como refinação, aditivos, corantes e conservantes que quando usados indevidamente ocasionam sérios danos à saúde dos consumidores.
Para que se possa obter estes alimentos puros e saudáveis, o movimento orgânico no Brasil, notadamente no Sul, está especialmente voltado para a agricultura familiar que é responsável pela maior parte dos alimentos produzidos no país.A saúde só será preservada se consumirmos alimentos sadios, isentos de qualquer tipo de contaminantes químicos.
Sabemos que hoje 90% da produção orgânica do Brasil é proveniente da agricultura familiar. Como exemplo desta assertiva a área média da produção orgânica no Paraná é de 3,7 ha por família.
A agricultura orgânica certamente será a base futura de uma produção familiar mais racional de alimentos, pois busca a exploração de sistemas agrícolas diversificados, economia no consumo de energia, preservação da biodiversidade, maior densidade de áreas verdes, tudo isto contribuindo para manter a paisagem mais humana.
O sistema familiar de produção orgânica se enquadra no conceito da ciência da agroecologia e qualidade de vida com abordagem de prevenção de doenças dentro de um enfoque altamente social e ambiental.
Feita esta análise inicial entramos na questão de segurança alimentar, visto que a melhor opção para a produção de um alimento seguro está estritamente ligado a produção familiar orgânica.
O alimento orgânico tem mais vitaminas e sais minerais pois provém de um solo mais rico e equilibrado em todos os nutrientes. Contém maior teor de matéria seca, tendo por isso maior valor nutricional. É mais saboroso, pois mantém os ácidos orgânicos não nitrogenados, especialmente em frutas e hortaliças consumidas “in natura”.
E a oferta de alimentos orgânicos está ao alcance da população, principalmente a mais carente? Sabemos que a produção orgânica vem crescendo em todo o mundo. Hoje já são mais de 120 países produzindo alimentos orgânicos, gerando renda bruta superior a 25 bilhões de dólares. No Brasil já chegamos a 300.000 hectares plantados, sendo que o Paraná é o estado que mais cresce em termos de produção, visto que nas últimas seis safras este crescimento foi superior a 1.000%, e nossa produção na safra 2002/2003 deverá ser superior a 60.000 toneladas. No entanto, a quantidade produzida ainda é insuficiente para garantir a alimentação segura a toda a população. Os preços ainda são distorcidos, quando o consumidor adquire produtos orgânicos, por exemplo, em supermercados onde a diferença entre o preço recebido pelo produtor e o preço praticado neste canal de comercialização varia de 100 a 300%. Em média o produtor orgânico recebe pelo produto 20 a 30% mais do que os produtos convencionais. Daí nossa recomendação de que o consumidor adquira os produtos orgânicos nas feiras de produtores, lojas especializadas em produtos orgânicos e cestas oferecidas pelo produtor diretamente ao consumidor.
Em nossa análise, quando nos referimos aos preços dos produtos orgânicos e sua acessibilidade às populações mais carentes, gostaríamos de ressaltar que o produto orgânico a nível de produção não é caro, na verdade muitas vezes, é o produto convencional que é ofertado muito barato. A grande massa populacional brasileira tem remuneração muito aquém de suas necessidades de sobrevivência. Enfim nossas recomendações a nível de Extensão Rural, buscam aumentar o volume de produção orgânica, reduzir os custos e ofertar alimentos seguros por preços acessíveis para a maior parcela da população, procurando com o tempo atingir especialmente os mais necessitados.
Fonte: Jornal Ambiente Brasil
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