Devido à sua fertilidade, nossa região começou cedo a ser habitada e colonizada pelos fazendeiros, que aqui chegavam nos barcos à vela e iam se estabelecendo à margem dos rios e dos riachos. Não havia um núcleo urbano, uma cidade, mas apenas o porto no rio Grande, por volta de 1825, e o movimento de chegada das barcas, trazendo artigos que não havia aqui, como sal, café, e mercadorias industrializadas, tipo remédios, ferramentas (machado, enxada, serrote, pá…), querosene, tecidos, louças, panelas e tudo que fosse de metal, papel etc.
Os fazendeiros que aqui moravam, inclusive os de Goiás, iam ao porto comprar tudo aquilo de que necessitavam e ali vender sua produção agrícola: carne seca, cereais, farinha de mandioca, produtos da cana de açúcar,algodão, couros… De Goiás, além da produção agrícola, vinha o ouro dos garimpos.
Por volta de 1850, o primeiro habitante, o barqueiro Plácido Barbosa, estabeleceu-se à beira do porto, que era situado na Fazenda Malhada, pertencente ao Coronel de Angical, José Joaquim de Almeida. Outros moradores foram chegando e fazendo ali também suas pequenas casas, em função do movimento das barcas, num progresso lento, até atingir umas vinte casinhas.
O mundo se desenvolvia, com a industrialização e o início da fabricação de carros, para o que se necessitava de borracha. Quem tinha borracha em abundância era o Brasil: a de seringueira, na Amazônia, a de mangabeira, aqui no atual Oeste baiano. Então, em busca de enriquecer produzindo borracha, a partir de 1870, um vigoroso ciclo imigratório dirigiu-se a Barreiras, vindo de outros lugares da Bahia e do Nordeste, principalmente do Ceará. Os novos habitantes faziam suas casas próximas ao porto, onde deixavam suas famílias, e internavam-se no cerrado, a fim de efetuar os cortes nos troncos das mangabeiras, recolher o leite, coagulá-lo por fervura, e levar a borracha, em tropas de burros, até ao porto, onde seria comprada e conduzida nas barcas para Juazeiro e daí a Salvador. No porto de Salvador, a borracha embarcava em navios para o mundo, atendendo às necessidades da globalização.
Como produto para o comércio globalizado, o valor da borracha era maior do que o de qualquer outro artigo, como carne, açúcar, só era comparável ao valor do ouro. Assim, o povoado de São João, iniciado nesse ciclo, em 1870, já nasceu rico, atraindo sempre mais moradores, como comerciantes, médico, dentistas, farmacêuticos, professores, músicos, poetas, escritores… Pela beleza das casas contruídas em estilo renascentista ou neo-clássico, podemos imaginar a prosperidade desenvolvida em vinte anos!
Assim, em 1891, o povoado, que já era chamado Barreiras, empenhou-se em obter sua independência, sua emancipação! No dia 20 de fevereiro de 1891 foi elevado a distrito de Angical, através de lei municipal aprovada e sancionada naquele muncipío.
Logo em seguida, em 06 de abril de 1891, em Salvador, o Governador José Gonçalves da Silva sancionou a lei que criou o município, em território a ser emancipado de Angical, dando à sede o título de vila, como era naquela época. Um mês e vinte dias depois, a 26 de maio de 1891, o município foi instalado solenemente, com a posse do primeiro Prefeito (chamado, então, Intendente), que foi o Coronal Martiniano Ferreira Caparrosa; a posse também, da Câmara Municiapal, na época denominada Conselho Municipal, que teve como Presidente o Coronel José Braz de Souza. Estabeleciam-se, desse modo, os Poderes Executivo e Legislativo.
O Poder Judiciário foi instituído logo depois, no dia 09 de julho de 1891, com a Lei sancionada pelo mesmo governador José Gonçalves da Silva, estabelecendo em Barreiras o Fórum e Conselho de Jurados, ficando pertencente à Comarca de Campo Largo. O primeiro Juiz a ministrar, aqui, a Justiça, não residia em Barreiras, mas vinha periodicamente: era o Dr. José Batista Xavier Ribeiro.
Após adquirir sua independência, Barreiras teve condição de se desenvolver ainda mais e percorrer o longo caminho de 121 anos.
Fonte: Ignez Pitta em historiadebarreiras.com
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