Dia Mundial das Zonas Úmidas pretende chamar a atenção para o manejo adequado de um recurso natural finito.
“As
zonas úmidas e o manejo da água” é o tema do Dia Mundial das Zonas
Úmidas, comemorado neste sábado, 02. O assunto é prioritário para a
Organização das Nações Unidas (ONU), pois envolve as poucas reservas de
água potável existentes, já que, em todo o planeta, existe apenas 0,3%
de água doce distribuída em rios e lagos. O problema é que 97.5% do
total são água salgada, e a pouca água própria para o consumo humano
disponível não está distribuída de maneira igual para as populações de
todos os continentes.
Existem 42 tipos diferentes de zonas úmidas.
Elas formadas por complexos ecossistemas, que englobam desde as áreas
marinhas e costeiras até as continentais, as naturais e as artificiais,
como lagos, manguezais, pântanos, charcos, rios e também áreas irrigadas
para agricultura e reservatórios de hidrelétricas, entre outros. Tais
áreas, permanentes ou temporárias, normalmente abrigam grande
biodiversidade, tanto de plantas como de animais aquáticos. Por isso
mesmo, é preciso demonstra que existe um vínculo necessário entre o
manejo da água e o uso racional das zonas úmidas.
Conforto
No
Brasil, apesar da situação confortável, de acordo com os padrões da
ONU, a distribuição hídrica é desigual, já que a região Amazônica
concentra 80% da disponibilidade de água do país, segundo dados de 2012
da Agência Nacional de Águas (ANA). Estados do Nordeste sofrem com a
escassez. No Oriente Médio, países como Kuwait, Emirados Árabes, Bahamas
e Faixa de Gaza, entre outros, praticamente não têm mais água doce.
Além
disso, quase 24% de toda a população da África sofrem com o estresse
hídrico. O problema é preocupante também em grande parte do Peru e em
algumas áreas do México e da América Central. Na China, Índia e
Tailândia a situação é igualmente crítica, revela o Manual de Uso da
Água, editado em 2008 pela Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente
Urbano do Ministério do Meio Ambiente (MMA).
A finalidade de se
instituir o Dia Mundial das Zonas Úmidas é estimular governos,
organizações da sociedade civil e grupos de cidadãos com ações e
atividades que chamem a atenção para a importância das zonas úmidas, a
necessidade de sua proteção e os benefícios que o cumprimento dos
objetivos da Convenção de Ramsar. Trata-se da cidade iraniana onde se
realizou, em 1971, se realizou a primeira convenção sobre o tema. De
acordo com o analista ambiental da Gerência de Biodiversidade Aquática e
Recursos Pesqueiros do MMA, Henry Philippe de Novion, as zonas úmidas
representam um grande valor socioeconômico, cultural e científico, e sua
perda seria irreparável.
Saúde e bem estar
O
problema é tão sério que, em dezembro de 2010, a ONU declarou 2013 como
o Ano Internacional para Cooperação pela Água, reconhecendo esse
recurso como fundamental tanto para o desenvolvimento sustentável como
para a saúde e o bem estar humanos. “Ocorre que a relação entre a água,
as pessoas e as zonas úmidas é uma preocupação central da Convenção de
Ramsar”, esclarece Henry de Novion. Ele explica que, por sua função de
mediação e abastecimento de água, as zonas úmidas proporcionam serviços
ecossistêmicos essenciais, que são os benefícios fornecidos às pessoas
pela natureza.
“O objetivo fundamental do Dia Mundial das Zonas
Úmidas de 2013 é despertar a sensibilidade das pessoas para a
interdependência da água e das zonas úmidas, indicar meios adequados
para que os diferentes grupos de atores chaves compartilhem a água de
uma maneira equitativa e fazer com que se compreenda que sem as zonas
úmidas não haverá água”, afirma Novion. ”A água desempenha uma função
fundamental de conexão, pois, desde as nascentes até o mar, e através de
seu ciclo incessante, a água conecta todos os rincões da Terra”.
Nesse
sentido, a Convenção de Ramsar reconhece que as zonas úmidas
desempenham função essencial nessa interconexão e seu uso racional
possibilitará o manejo sustentável da água. Com base nessa realidade, a
Convenção lançou o folheto “As Zonas Úmidas e o Manejo da Água”, que
descreve a sua situação hidrológica geral, com foco nos atores que
administram a água e os vários desafios que enfrentam, da governança aos
problemas de gestão das águas transfronteiriças, agrícolas e urbanas,
passando pelo armazenamento e a transposição dos recursos hídricos.
O
material explica por que se deve preservar as zonas úmidas, mostrando
que elas fornecem serviços ecológicos fundamentais às espécies da fauna e
da flora e ao bem estar de populações humanas. Além de regular o regime
hídrico de vastas regiões, essas áreas funcionam como fonte de
biodiversidade em todos os níveis, cumprindo, ainda, papel relevante de
caráter econômico, cultural e recreativo, ao mesmo tempo em que atendem
às necessidades de água e alimentação de uma ampla variedade de espécies
e das comunidades humanas, rurais e urbanas.
Mudanças Climáticas
“As
áreas úmidas são social e economicamente insubstituíveis”, insiste o
analista do MMA, por conter inundações, permitir a recarga de aquíferos
subterrâneos, reter nutrientes, purificar a água e estabilizar zonas
costeiras. O colapso desses serviços, decorrente da destruição das zonas
úmidas, pode resultar em desastres ambientais com elevados custos em
termos de vidas humanas e econômicos. Novion garante que os ambientes
úmidos também cumprem um papel vital no processo de adaptação e
mitigação das mudanças climáticas, já que muitos desses ambientes são
grandes reservatórios de carbono.
Como a água é um recurso natural
fundamental de que dependem todas as atividades socioeconômicas e
ambientais, tanto os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio das Nações
Unidas como a Convenção de Ramsar, entre outras iniciativas
internacionais e nacionais, destacam a importância de se reconhecer a
necessidade urgente da adoção de um enfoque integrado, holístico e de
cooperação para resolver os problemas relacionados ao manejo da água. Da
parte do Brasil, o Comitê Nacional de Zonas Úmidas (CNZU), coordenado
pelo MMA e integrado por órgãos de governo e da sociedade civil, foi
criado para programar as diretrizes assumidas pelo país perante a
Convenção, defende ações de aproximação com os atores que integram a
agenda de zonas úmidas e manejo de água.
Fonte: Ministério do Meio Ambiente
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