Hoje a Câmara dos Deputados mostrou o que quer: o fim das florestas no
Brasil. Por 274 votos a 184, com duas abstenções, foi aprovada hoje a
proposta que desfigura o Código Florestal, escrita pelo deputado
ruralista Paulo Piau (PMDB-MG) sobre o texto aprovado pelo Senado, segue
agora para sanção da presidente, Dilma Rousseff. Se ela não se mexer, e
vetar o texto, esse futuro será seu legado.
O texto aprovado dá anistia total e irrestrita a quem desmatou demais
– mesmo aqueles que deveriam e têm capacidade de recuperar matas ao
longo de rios, por exemplo – e ainda dá brecha para que mais
desmatamentos ocorram no país. Ele é resultado de um processo que alijou
a sociedade, e vai contra o que o próprio governo desejava. Com isso,
avanços ambientais conquistados ao longo de décadas foram por água
abaixo.
“Acabamos de assistir ao sequestro do Congresso pelos ruralistas.
Pateticamente, a presidenta que tinha a maior base de apoio parlamentar
na história recente deste país, foi derrotada por 274 votos de uma malta
de ruralistas que se infiltrou e contaminou o tecido democrático
brasileiro como um câncer”, diz Paulo Adario, diretor da campanha da
Amazônia do Greenpeace. “Desde o início do processo, o Brasil esteve
refém dos interesses do setor, que fez de tudo para incorporar suas
demandas ao projeto de lei. A população, que se mostrou contrária à
anistia aos desmatadores e a brechas que permitem mais devastação, foi o
tempo inteiro ignorada”.
Há mais de uma década os ruralistas tentam acabar com o Código
Florestal. Finalmente conseguiram uma brecha, alimentada pela
indiferença de um governo que não dá a mínima para o ambiente e a saúde
da população. O resultado é um texto escrito por e para ruralistas, que
transforma a lei ambiental em uma lei de ocupação da terra.
“Enquanto o Congresso demonstra claramente que se divorciou de vez da
opinião pública que deveria representar – e que em sua imensa maioria
se opõe ao texto do código ruralista – resta à Dilma uma única
alternativa. Ela tem de demonstrar aos brasileiros que está à altura do
cargo que ocupa – e que ganhou ao prometer aos eleitores que não iria
permitir anistia a criminosos ambientais nem novos desmatamentos”,
afirma Adario. “Caso contrário, o governo vai dar provas de que é
subjugado pelos ruralistas, ao sofrer mais essa derrota.”
Os brasileiros têm uma oportunidade de mostrar que não querem ver a
motosserra roncar. A melhor resposta a essa reforma do Código Florestal é
assinar o projeto de lei popular pelo desmatamento zero, que o
Greenpeace e outras organizações encapam.
Fonte: Greenpeace
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